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Localizada a cerca de 29 km da sede de concelho, Ermidas-Sado é a mais jovem vila do Município de Santiago do Cacém, criada no ano de 2001. Da freguesia fazem parte: Ermidas-Aldeia, Faleiros e Vale da Eira.
De acordo com Anselmo Braamcamp, esta zona foi pertença do Mestrado da Ordem Militar de Santiago de Espada, desde o reinado de Afonso III, em 1273, ano da sua doação, ficando sob a sua influência e das suas comendas até ao ano de 1834.
Este lugar de lavradores é de existência antiga, como o atesta o documento existente na Junta de Freguesia de Alvalade datado de 15 de agosto de 1748; segundo o mesmo, as ermidas existentes neste local pertenciam à “Confraria d’ Santa Anna” da igreja de Nossa Senhora do Roxo, freguesia que pertenceu ao concelho de Alvalade, extinto no reinado de D. Maria II, em 1836, na sequência da reforma administrativa de Mouzinho da Silveira e Passos Manuel. O padre Jorge de Oliveira atribui como data para a fundação de Ermidas-Aldeia, primeiro núcleo habitacional da atual freguesia, o século XVII.
Mas é já no século XX que este lugar vê o progresso chegar a passos largos. Paulo Gomes, em Ermidas-Sado, História de Uma Povoação Contemporânea, refere: “É o caminho-de-ferro que, pela força das circunstâncias de um projeto de engenharia, determina construir nas imediações da pequena Ermidas uma estação, na vizinha herdade do Cartaxo. Essa construção tinha dois objetivos: primeiro, servir a população de Ermidas e montes circundantes e derivar a partir daquele local o ramal ferroviário para Sines”. Para dar nome à estação, optou-se pelo nome da povoação mais próxima, Ermidas, passando a designar-se Ermidas-Gare. Nome que prevaleceu até à criação da freguesia, altura em que passou a designar-se oficialmente Ermidas-Sado.
Segundo o autor referido anteriormente: “o comboio acabará por chegar às paragens da herdade do Cartaxo, no dia 1 de Agosto de 1915. Com a sua chegada estava lançada a primeira pedra da futura Ermidas-Sado (…)”. A povoação nasceu nos terrenos da herdade do Cartaxo, propriedade de Manuel Joaquim Pereira. Nesses terrenos, o lavrador começou a aforar terras aos que chegavam e buscavam trabalho na construção da linha férrea ou na indústria da moagem, que, entretanto, também se havia instalado no ano de 1922, fazendo com que Ermidas-Sado começasse a crescer. Os lotes de terreno aforados e respetivos arruamentos seguiam um esquema em grelha, marcado no terreno por um dos empregados do dono das terras, criando uma povoação urbanisticamente moderna. No ano de 1925, dois algarvios de São Brás de Alportel fundaram a primeira fábrica de cortiça, dando início a uma atividade que não mais iria parar de crescer até à década de 60.
Devido ao seu esforço de crescimento e desenvolvimento, Ermidas-Sado passou a contar com algum património de qualidade, de que se destacam algumas casas de bom traçado arquitetónico, um interessante chafariz para abastecimento de águas às populações (1943), o Cineteatro Vitória (1949) e uma pequena igreja dedicada a Nossa Senhora da Conceição, inaugurada em março de 1956.
Próximo da localidade existe um dos ex-libris do Município de Santiago do Cacém e dos mais importantes cursos de água no território nacional, o Rio Sado. Rico em biodiversidade é daqui que muitos dos pratos confecionados vão “beber” inspiração. Não só pela variedade de peixe de rio, mas sobretudo pelas ervas aromáticas que são utilizadas nos principais pratos da gastronomia alentejana sendo exemplo disso os poejos, a hortelã da ribeira e o tomilho.
Ainda no Rio Sado, na localidade de Vale da Eira podemos encontrar os moinhos da Gamita e da Gamitinha, exemplares do importante património molinológico do Município.